By Matildes

quinta-feira, 1 de janeiro de 1970

HISTÓRIA DA ORIGEM DA TURMA DA APPE EM QUADRINHOS por Lauro e Leuzim

Oba! Mês de janeiro é mês de férias. Vai haver pescaria no Totó.

Vaguim, Leuzim e Lauro eram os responsáveis pela aquisição dos frangos, como um dos itens para a comida, e que por sinal deveriam ser “pescados”  no quintal do vizinho. Marcim, Viano e Valtim, encarregados da obtenção do “feijão”, os conseguiam na Fazenda do Onésimo e ou no engenho  do Tio Juquita, na Fazenda do Retiro, os das famosas marcas “Mangabeira” e “Retirada”.

Polenga, o Mestre Cuca da turma, era o responsável pelos petrechos da cozinha, Avidim pela preparação do K-Suco(vinho e batida de limão) e pelas meninas da Play Boy, Dimas e Nane Preto pelos biscoitos, Nélio pelos primeiros socorros e serviço de som, Guidão pela lona prá barraca, Nani Branco e Zé Rogério pelo material de leitura e Luciano de Clóvis, só de beleza. E lá vamos nós de caniço e samburá.

  Acampávamos com lona de caminhão emprestada, cozinhávamos a céu aberto e era aquela curtição.
De vez em quando, São Pedro nos pegava de surpresa com uma chuvinha, e era aquele sufoco. Mas mesmo assim, era só satisfação

Dentre as coisas que mais gostávamos de fazer, era nadar em açudes proibidos; algumas vezes  éramos flagrados, e era aquele Deus nos acuda.  E assim foi surgindo uma das maiores maravilhas da Paroquinha, que é a Turma da Appe.

Alguns de seus precurssores: Márcio Carvalho de Oliveira(Marcim), Otaviano Eustáquio Silva(Viano), Nélio Ribeiro de Oliveira(Néi) e Lauro Rodrigues(Laurim).

TURMA DA APPE por Lauro




A Turma da APPE, segundo Nani de Beíta, nasceu para substituir a Gang do Pó ou o Clã do Pó, como quiserem, que era composta de Chichico, Buca, Bonejo, Bonifácio, Lindor, Cabo Joaquim, Meméio, Zé de Nhôca e outros. Faziam ponto na porta do armazém do Chichico, tabocando  de tudo e de todos. Tudo se deu na década de 60, mais precisamente 1963, meados de 1964, início de 1965, ocasião em que uma turma  de meninos da cidade de Esmeraldas resolveu formar um grupo de “pescaria”, cujo principal intuito seria reunir-se para passar alguns momentos de lazer, em contato direto com a natureza e foi assim que a turma nasceu. O meu vínculo com a APPE já vinha de muitas pescarias, carnavais, acampamentos, peladas futebolísticas, etc.,antes mesmo da APPE realmente ter sido considerada como tal. A minha infância foi marcada por uma sólida e profunda  amizade com o meu primo Leuzim e  juntamente com o amigo Vaguim, formávamos o trio infernal,  naquele tempo, considerados como os “Irmãos Metralhas”. (Leuzim= Testa, Lauro=Mico e Vaguim=Bem). Vivíamos o dia inteiro juntos, nadando, pescando, caçando, pegando  frutas nos quintais dos outros, e isso era todo santo dia, fazendo frio ou não, chovendo ou fazendo sol, nós tínhamos de sempre estar aprontando alguma coisa. A minha primeira oportunidade como appeano autêntico, aconteceu em uma pescaria das ferrenhas, que fazíamos lá no Alentejo.  Como eu trabalhava no açougue de Antenor Pernambucano, fui encarregado de providenciar a carne que seria consumida naquela pescaria. Fui contemplado como o idealizador do mais famoso “churrasxiba  da Paróquia”, que nem cachorro quis comer, e na oportunidade também me   batizaram com o apelido de “Muxiba”. Isto muito me enfurecia. A sugestão do nome Turma da “APE”, a principio com apenas um pê(P), surgiu em um dos vários acampamentos que a turma realizava no Alentejo e que propunha    significar  Associação dos Pescadores de Esmeraldas. Como ainda éramos muito jovens, caminhando para a adolescência, foi sugerido o acréscimo de uma segunda letra pê(P), na nossa sigla, e que propunha significar Associação dos Pequenos Pescadores de Esmeraldas. Na seqüência, como nas ditas “pescarias”, não levávamos petrechos de pesca, e  cujo intuito era simplesmente curtir a natureza numa preguiça total, a sigla (APPE) ficou conhecida a partir daí como Associação dos Pescadores Preguiçosos de Esmeraldas, algumas vezes referenciada como Associação dos Pescadores Play Boys de Esmeraldas,  Associação dos Pãezinhos Play Boys de Esmeraldas, e até outras denominações. Com o passar do tempo, o grupo foi se consolidando, sempre se reunindo nos períodos de férias escolares para que pudéssemos fazer aquilo que mais nos alegrava naquelas ocasiões, que eram as tradicionais pescarias.

Em uma destas pescarias, tivemos o azar de levantar acampamento em um local infestado de pulgas, que não nos deram sossego, sendo que, desta forma, a pulguinha , foi escolhida para simbolizar e servir como  mascote da turma, e que pela organização, pela força de união e pelos propósitos, também incomodava outros grupos organizados existentes em Esmeraldas, principalmente no que diz respeito ao carnaval. O nosso grupo sempre se pautou pela alegria e o prazer de estarmos juntos, e nestes termos, foram aparecendo diversas propostas de atividades que viessem viabilizar estas ocasiões, o que nos levou a formar um Bloco de carnaval, que abrilhantou a festa monesca esmeraldense por vários anos.

Posteriormente, numa atuação firmemente consolidada, representada por encontros dos mais diferentes, que vão desde pescarias, acampamentos, futebol, encontros gastronômicos, convenção, grupo de coral, passeios turísticos, e não esquecendo das ações solidárias, fomos nos fortalecendo, até chegar a um ponto em que o nome “Turma da APPE” enraizou e passou a fazer parte da história de Esmeraldas, representada principalmente pela Festa do Esmeraldense Ausente que era realizada anualmente no mês de julho, hoje ,  praticamente ausentes dos nossos eventos.A promoção do Arraiappe= Festa junina da Turma da Appe é atualmente nosso marco de atuação social. Mantendo atuante por vários anos com um contingente significativo de participantes, casais idôneos, pais de famílias exemplares, com atuação nos vários ramos das atividades profissionais, vem apresentando uma participação bastante diversificada nos diferentes segmentos da sociedade esmeraldense. No meu entender, a Turma da APPE, surgiu de grupos isolados que se formaram esporadicamente na paroquinha, a partir das famílias Oliveira/Diniz( Marcim, Rogério de Mário, Antônio de Zébio, Nélio de Petrônio, Nani de Beíta); os Avelar/Gaspar( Dimas de Eliacim, Nane de Moisés, Guidão de Osias, Ovídio e Polenga de Célia Palhares); Rodrigues/Silva( eu de Joãozinho de Ely, Leuzim de Meméio, Valtim e Vaguim de Iraci e Viano de Grevy), ainda Luciano de Clóvis Vaz e  mais a importantíssima participação do eclético Tião professor, ora lecionando francês, ora inglês, ora latim, ora matemática, ensaiando e apresentando esquetes e que na freqüência do colégio, os laços de amizades foram encurtando e no fritar dos ovos e feitura do mexido, culminou nesta maravilhosa união que sempre fomos, outrora, hoje, agora e sempre, a “Associação dos Pescadores Preguiçosos de Esmeraldas”.